sexta-feira, 18 de junho de 2021

A Manada de Ponyville. Faixa 2: L'Avventura


Dainty Tunes tinha organizado tudo. Ele estava sentado na estação de trem, o coração palpitando, nervoso. Ele lia seu livro para tentar ficar calmo e fazer o tempo passar, mas ele era perturbado por pensamentos ansiosos. Aquela era mesmo uma boa ideia? Fazia algum sentido viajar para uma cidade tão grande por causa de uma banda, considerando que ele poderia não encontrar nada? Ele devia mesmo ir sozinho? Ele teria dinheiro suficiente?

O trem chegou ruidosamente à estação, e ele fechou o livro e pôs-se de pé. Ele misturou-se aos outros passageiros que embarcavam, encontrou um assento vazio e sentou-se, respirando fundo. Algo em sua cabeça dizia que aquela ideia era ridícula.

Ele tentava ignorar esse pensamento e abriu o livro de novo. Ele lia as histórias de outras bandas, algumas com histórias semelhantes à da Tropa da Cidade, outras com origens surpreendentes. Ele até encontrou a história de uma banda que veio da própria Ponyville, com o curioso nome de Engenheiros de Seaward Shoals. Ele também leu coisas sobre bandas famosas e interessantes formadas na cidade de Seaddle, algumas com destinos bastante trágicos. Dependendo de como fossem as despesas dele, ele poderia procurar alguns discos dessas outras bandas.

O coração dele começou a bater forte ao ver que ele estava chegando perto de Manehattan: aquela paisagem de prédios era tão imponente. A mente dele se encheu de pensamentos que diziam que era uma péssima ideia, da qual ele se arrependeria totalmente.

 

Ao sair da estação, firme com sua bagagem, ele tinha apenas um pensamento em mente: achar um lugar para ficar, que coubesse em suas finanças, e que não fosse muito medonho. Ele precisou perambular bastante, mas teve sorte de deparar-se com uma pousada barata, porém charmosa, da posse de um casal um pouco idoso. A senhora atrás do balcão tinha pelagem rosada e uma bela crina grisalha, com um penteado à moda antiga, e usava óculos com lentes retangulares. Seu marido, ao lado, um garanhão calvo com crina castanha e pelagem acinzentada, consultava alguns livros escritos a casco. A entrada da pousada tinha uma mobília e decoração clássica e aconchegante, o que combinava bem com a aura gentil que o casal exibia.

— Boa tarde — Dainty disse, aproximando-se do balcão e colocando sua mala ao lado.

— Ora, bem vindo, filho! — a senhora disse. — Como vai você?

— Eu vou bem. — Dainty tentava disfarçar o nervosismo e a incerteza de explorar aquela cidade imensa e complicada. — Então, vocês têm algum quarto vago?

— Temos, sim, querido! Você vai ficar por quanto tempo?

— Quatro dias. Eu vou embora na quinta.

— Certo, deixe-me verificar aqui — a senhora respondeu, ajeitando os óculos e consultando o livro de reservas diante dela.

— Você parece nervoso, filho — o velho garanhão disse. — Está tudo bem?

Os olhos de Dainty arregalaram-se um pouco. Ele não imaginava que seu estado fosse tão aparente. — Ah, sim, eu… Está tudo bem, sim, é que… Essa é a minha primeira vez aqui em Manehattan, sabe? É uma… cidade muito movimentada, e tudo.

— Você é de onde, meu bem? — a senhora disse, enquanto anotava algo no livro.

— Eu sou de Ponyville.

— Ah, eu conheço Ponyville — ela respondeu com afeto. — É um lugarzinho tão simpático.

— Realmente — Dainty disse com um sorriso desajeitado. — A propósito, antes que eu me esqueça, eu não ouvi o nome de vocês…

— Eu sou Warm Breeze — a senhora disse, levantando o rosto —, e este é meu marido, Silvery Light.

— É um prazer conhecê-los. Eu sou Dainty Tunes.

— O prazer é nosso, Sr. Tunes — Silvery Light respondeu.

— Então, ele vai lhe mostrar o seu quarto, então siga-o, por favor — Warm Breeze disse, entregando as chaves ao marido. — Tenha uma boa estadia!

— Obrigado! — Dainty respondeu, atrapalhando-se ao pegar a mala. — Muito obrigado!

Ele foi atrás de Silvery Light, que seguiu pelo corredor, e parou na segunda porta à direita. Ele abriu a porta, e deu espaço para Dainty entrar.

— O quarto é este aqui — ele disse. — Desejamos que sua estadia seja agradável.

— Ela vai ser, sim — Dainty respondeu, recebendo a chave. — Muito obrigado!

O velho voltou ao saguão, e Dainty entrou no quarto. Ele era pequeno, com uma cama de solteiro, um roupeiro, e uma mesinha com um abajur. Aos pés da cama, havia uma planta em um vaso. O quarto era perfeito para ele, afinal, ele não desejava nada luxuoso. Ele se sentou na cama, e sentiu que talvez ela fosse até mais confortável do que a dele próprio.

Mesmo assim, ele não queria perder tempo. Ainda era cedo, e talvez fosse possível fazer algo antes do dia terminar.

 

Dainty explorava as avenidas de Manehattan em busca de lojas de discos. Ele considerou perguntar para alguém na rua, mas todos os pôneis pareciam apressados, então ele achou melhor não perder tempo. Ele tomara o cuidado de anotar o endereço da pousada, pois, se ele se perdesse, ele poderia chamar um táxi.

Ele chegou até o cruzamento de duas grandes avenidas. Ao olhar em cada uma das direções, ele avistou o que parecia ser uma grande loja de discos à sua esquerda, do outro lado da rua. Ele esperou para atravessar até a outra calçada, e aproximou-se da loja. Ele ouvia um tipo de música moderna vindo lá de dentro.

O lugar era grande, incomparável em relação à modesta lojinha de Ponyville, e estava cheia de clientes. Muitas caixas de discos estavam dispostas nas paredes, e até alguns instrumentos estavam expostos no fundo. Dainty examinou as caixas, até chegar à seção demarcada “Rock”.

Tentando não deixar suas expectativas crescerem demais, ele olhou os discos um por um. Ele reconhecia os nomes de algumas das bandas e algumas capas, tendo visto-as no livro, mas ele estava quase no fim da caixa, e não teve sorte. Ainda havia a segunda caixa, porém, então nem tudo estava perdido.

Quase no fim da primeira caixa, algo saltou-lhe à vista. Aquela capa. Ele a reconhecia!

Com os olhos arregalados e o coração em disparada, ele puxou o disco. Na capa, três pôneis encontravam-se em um campo cheio de flores, contra um fundo azul profundo. Deep Voice estava de pé, com um sobretudo escuro, segurando um ramalhete de flores. Shimmering Chord estava sentado em uma pedra, com um instrumento de cordas nos cascos. Cymbal Crash estava sentado diante dele, no chão. Os três olhavam para a câmera, como se olhassem direto nos olhos de Dainty.

Ele virou a capa e leu: Tropa da Cidade — O Descobrimento de Equéstria.

Quase sem fôlego, ele pôs o disco ao lado, dentro de seu campo de visão. Ele ainda tinha que olhar a segunda caixa. Embora ele tivesse encontrado discos de outras bandas que ele gostaria de conferir, ele não queria arriscar ficar sem dinheiro para comprar quaisquer outros discos da Tropa da Cidade que ele encontrasse. Enquanto ele examinava a segunda caixa, ele ficava cuidando do disco ao seu lado—ele tinha receio que algum pônei pudesse chegar e pegá-lo, levando embora seu precioso achado.

Ele enfim chegou ao último disco na segunda caixa, e não achou mais nada. Ainda assim, ele estava satisfeito: finalmente ele tinha uma dos discos da banda ali com ele. Ele correu até o balcão, onde uma jovem caixa atendia. O seu penteado e seus acessórios eram uma novidade para ele, muito modernos.

Ela olhou para o disco, e Dainty teve a sensação que ela disfarçou um olhar de desdém. — Tropa da Cidade, é?

— Sim, isso mesmo — ele disse, tentando não perder a alegria.

Ela cobrou pelo disco e guardou-o em uma bela sacola. Dainty guardou sua compra com cuidado em seu alforje e saiu da loja. Ele tinha vontade de sair pulando e gritando de alegria, mas aquele não era um bom lugar para fazer uma cena dessas.

Ele ainda tinha tempo; o dia ainda estava longe de terminar. Ele vagou pelas avenidas, procurando por outras lojas. Ele chegou até outra loja de discos, quase do tamanho da outra, mas não encontrou nada. Em outra quadra, ele avistou uma livraria, e decidiu arriscar.

Ao pesquisar a seção de música, seus olhos pararam nos dizeres grandes na espinha de um dos livros: Tropa da Cidade: A verdadeira história. Não era um livro grande, mas todo ele era sobre a banda. A capa exibia uma foto de Deep Voice no palco, cantando em um microfone, com o borrão dos outros membros da banda ao fundo.

Dainty comprou o livro e guardou-o. Ele ainda estava bem de dinheiro: ele poderia comprar mais discos que ele encontrasse, e ainda dava pra comer e passear o quanto ele quisesse. Ao pensar nisso, ele percebeu que estava faminto. Ele parou em uma lanchonete e rapidamente comeu um sanduíche, enquanto o sol começava a cair e as lojas iam fechando. O dia estava no fim.

Ele voltou a trote para a pousada. Warm Breeze ainda estava atrás do balcão.

— Boa noite, Srª Breeze — Dainty disse, com um sorriso involuntário. Ao cumprimentá-la, ele notou um toca-discos desligado, encostado na parede atrás dela.

— Boa noite, Sr. Tunes! Espero que esteja tudo bem.

— Ah, está sim, está sim — ele respondeu, já um pouco nervoso. — É, olha só, eu… eu vi que vocês têm um toca-discos aí.

Ela olhou para trás, por instinto. — Sim, verdade! Nós raramente usamos ele ultimamente, mas eu acho que ele ainda funciona.

— Que bom. Eu… eu tinha pensado — ele disse, já temeroso de estar passando dos limites —, se seria possível levá-lo pro meu quarto, pra eu usar? Eu acabei de comprar um disco, e eu queria dar uma ouvida.

— Não teria problema algum, meu bem! — ela respondeu. — Talvez eu devesse perguntar para Silvery Light, mas eu sei que ele não se importaria.

— Tem certeza? Dá pra levar ele agora? — Dainty disse.

— Sim, sim, claro — ela respondeu sorrindo, já indo levar a mesinha com o aparelho até o corredor.

— Muito obrigado, Srª Breeze! — Dainty disse. — Eu fico muito grato.

— Não há de quê, meu bem — ela disse, enquanto ele ajudava a levar a mesinha até o quarto. — Eu só preciso pedir que, por gentileza, não ponha o volume muito alto, para não atrapalhar os vizinhos e os outros hóspedes, tudo bem?

— Claro! — Dainty respondeu, os olhos bem abertos. — Sim, com certeza, eu não vou atrapalhar ninguém. Eu vou tomar cuidado.

— Bom, isso é ótimo — ela disse, voltando ao balcão. — Aproveite seu disco, meu bem!

— Obrigado — ele disse, abrindo a porta e levando a mesinha para dentro.

Embora o quarto fosse pequeno, ele conseguiu colocar o aparelho ao lado do roupeiro, e ligou-o em uma tomada na parede. Ele fechou a porta, e, com cuidado, tirou o disco do alforje, inspecionando a capa com atenção. Ele tirou a capa interna, que tinha a lista de músicas e as letras, e, com todo o cuidado do mundo, tirou o disco propriamente dito. O cheiro do papelão e o reflexo da luz na superfície de vinil negro do disco quase deixavam-no sem reação. Ele já estava cativado.

Dainty pôs o disco no prato do toca-discos, ligou o aparelho e colocou o volume em um nível apropriado. Ele ergueu a agulha, puxou-a um pouco para o lado, o que fez o disco começar a girar. Ele pôs a agulha na borda do disco e sentou-se, ansioso.

O som de bateria e de instrumentos de corda preencheu o quarto e seus ouvidos. Um ritmo quebrado e um balanço de guitarras e bandolins fizeram o coração dele palpitar. A voz de Deep Voice surgiu por cima, rica e plena, navegando as notas daquela melodia com força e graça, enchendo cada palavra de significado, modulando entre angústia e alívio. A canção falava de perda, confusão, perdão e redenção. E então, quando o canto parou, a banda disparou em um ritmo veloz, guitarras cintilando e a bateria estalando com intensa energia.

Dainty nunca ouvira nada como aquilo. Sua boca estava aberta, os olhos quase não piscavam. Ele não conseguia acreditar em seus ouvidos. Ele já havia visto mágica, mas ele nunca a ouvira. Aquilo era mágica na forma de música.

O disco prosseguiu por várias canções; algumas fortes e furiosas, outras gentis e delicadas, outras tristes e melancólicas. Dainty ficou sentado diante o toca-discos, quase sem mexer um músculo sequer, até a agulha chegar ao centro do disco. Como se ele fosse acordado de um transe, ele se levantou para virar o disco, e voltou a sentar-se enquanto a música recomeçava.

Dainty percebia que, seja lá qual fosse o sentimento que a banda colocasse em cada canção, a música era plena de amor e emoção legítimos. Aos poucos, ele percebeu: isso é o que ele sempre quis fazer. Aquilo era tudo que ele podia desejar ser como músico.

 

Dainty Tunes pôs o disco para tocar de novo, desde o início, e deitou-se na cama para ler seu novo livro. Ele não conseguiria ler tudo em uma noite só, mas ele poderia aprender algumas coisas interessantes sobre a banda. O livro ia mais fundo na origem dos membros: a maioria deles vinha de famílias relativamente privilegiadas, e, embora isso facilitasse um pouco suas vidas, não era o suficiente para compensar o tédio de seus arredores. A música e a arte eram suas principais salvações. Deep Voice, em especial, era um leitor ávido e um devorador de música; graças ao status de suas famílias, eles sabiam do que estava acontecendo em toda Equéstria, as mais novas bandas, os autores mais badalados, as modas mais inusitadas.

No fundo, porém, Deep Voice era um pônei complicado. Ele entrava e saía de relacionamentos com outros pôneis, e era muito sensível a tudo que acontecia ao seu redor. Ele variava da pura euforia e alegria com sua música até a tristeza e desilusão profunda com os acontecimentos. Ele podia ser um amigo gentil, divertido e sagaz em um dia, e um mandão manipulativo e ácido no outro. Em uma noite, ele fazia o show mais enérgico e emocionante que o público já viu na vida; na outra, ele ficava irritado com a falta de educação do público e fazia o show inteiro deitado no chão, ignorando a presença dos fãs.

Porém, quanto à música, tudo era um verdadeiro trabalho de equipe. Todos traziam ideias e ajudavam a construir as canções, muitas vezes no próprio estúdio, juntando partes diferentes, criando as progressões de acordes e melodias, e descobrindo como cada música devia ser. Depois que Rocky Rumble saiu, a banda ficou ainda mais unida como um trio, e embora Deep Voice acabava tomando o papel de liderança, eles eram uma unidade.

Tudo isso ajudava a explicar como a música era tão cativante e diversificada, mantendo sempre a legitimidade: ela era resultado de um grupo de músicos que acreditava na arte e trabalhava duro em nome dela, e as emoções e ideias expressas pelas letras vinham de um pônei que tinha o coração sempre aberto, mesmo quando isso podia feri-lo.

Depois de ouvir o disco e ler o livro a noite inteira, ele guardou o livro na mesa ao lado da cama, e levantou-se para guardar o disco, colocando-o sobre a sua mala, longe da janela. Ele foi para a cama, torcendo que o dia seguinte trouxesse mais surpresas.

*

Dainty acordou na manhã seguinte com a mente anuviada. O dia estava belo e ensolarado lá fora, e ele tinha coisas importantes para fazer, mas demorou um tempo até ele conseguir sair da cama.

No saguão, Silvery Light estava atrás do balcão. Do outro lado da sala, em uma mesinha, o café da manhã estava servido. Havia café e chá, pães com diversas opções de cobertura, bolos e outras delícias que Dainty não conseguia enxergar de longe. Um casal de pôneis de meia idade tomava seu café e conversava, sentado em um par de cadeiras em um canto.

— Bom dia, Sr. Light!

— Ah, bom dia, Sr. Tunes — o velho garanhão respondeu. — Você chegou a tempo do café.

— Sim, dei sorte! A cara tá bonita — Dainty disse, indo até a mesa. — É, a propósito, eu queria perguntar… A música estava alta demais ontem de noite?

Silvery Light olhou para o lado por um instante, como se puxasse pela memória, e balançou a cabeça. — Não, não estava, não. Dava para ouvir um pouquinho, mas estava mais baixa do que o barulho lá de fora.

— Ah, que bom saber! — Dainty disse, servindo-se uma xícara de café. — Eu não queria atrapalhar, então eu vou continuar assim.

— Aquilo era um tipo de rock que você estava ouvindo? — o velho pônei disse, com uma certa ênfase na palavra “rock” que sugeria tratar-se de um conceito estranho para ele.

— Ãh… sim, era, sim. Era uma banda chamada Tropa da Cidade. Eu estou conhecendo eles agora.

— Tropa da Cidade — Silvery Light disse, com alguma lembrança. — Um de meus filhos era um grande fã deles. Na verdade, a juventude adorava essa banda naquela época. Eles eram uma febre. Agora, parece que todo mundo se esqueceu deles.

— É, verdade — Dainty disse, sentando-se com seu café e uma fatia de pão. — É louco como as coisas vêm e vão.

— Eu acho que os garotos precisam criar coisas novas para se divertir — Silvery disse —, mesmo que não dure. É uma fase. A gente fica mais velho e fica em… coisas mais estáveis. Uma família, um negócio… A gente pensa em criar uma vida segura pra quando a gente ficar velho. E é assim que a vida vai. Você está na idade de aproveitar esse tipo de música, e é bom aproveitar enquanto isso durar, filho. Faça valer.

Dainty acenou com a cabeça, pego por um pensamento súbito. — É… Claro, eu vou fazer isso, Sr. Light.

Ele não pode deixar de pensar sobre isso enquanto tomava o seu café. Será que sua paixão por música era algo passageiro? Seria isso mero resultado de sua idade—relativamente—jovem, e sua necessidade de encontrar algo no qual gastar sua energia? Ele esperava que não fosse apenas isso. Se ele algum dia sentisse a necessidade de se acomodar, ele desejava ainda ter a música como companheira, de alguma forma.

Enfim, ele voltou ao seu quarto para apanhar o alforje, e retornou às ruas. Sua caçada por discos estava recomeçando.

 

Um pensamento que zunia na cabeça de Dainty é que Shimmering Chord tinha uma loja de discos. Se ele conseguisse encontrá-la, seria talvez sua maior descoberta. Ele sabia que a loja se chamava Let’s Rock!, e, talvez, se ele perguntasse nas outras lojas, ele conseguiria encontrá-la.

A primeira loja que ele visitou era um pouco menor do que as do dia anterior, e ele não teve sorte. Um dos vendedores deu-lhe uma vaga ideia de onde ficava a loja Let’s Rock!, e Dainty seguiu naquela direção.

No caminho, ele encontrou uma loja grande e aparentemente chique, chamada Untouched Records. Ele entrou, e foi recebido por uma música eletrônica alta, e diversos pôsteres dos últimos lançamentos. Um pouco atordoado, ele encontrou a seção de rock, um pouco isolada das outras, e começou a percorrê-la. Enfim, ele atingiu um tesouro: o segundo disco da banda, que era o seu mais bem sucedido. A capa era minimalista, com o nome da banda escrito em vermelho sobre um fundo marrom.

Ao levantar o disco, ele notou que um pônei ao seu lado fez uma careta e sacudiu a cabeça. Dainty franziu a testa, imaginando se aquilo tinha sido para ele. Tentando ignorar a distração, ele virou a capa do disco para olhar a lista de faixas. Um dos títulos era familiar: Tempo Perdido. Ele se lembrou que isso era parte da letra da música que Steel Strings tocara naquela noite.

— Que legal! — ele disse para si mesmo.

— Essa banda é uma porcaria — o pônei ao lado disse.

Dainty olhou para ele, com um sorriso torto. — Isso foi pra mim?

— Foi sim — o pônei disse. Ele era um pégaso com uma pelagem azul e crina lisa e preta, e usava uma jaqueta escura. — Essa banda aí é uma droga.

— Desculpa, mas, eu não perguntei — Dainty disse, sacudindo a cabeça com o fato de ele precisar dizer algo tão óbvio.

— Só tô te dando um conselho — o pônei insistiu. — Eu jogaria isso fora se eu fosse você.

— Por que você acha eles tão ruins?

O pégaso suspirou pesadamente. — A minha irmã mais velha idolatrava esses caras. Ela não parava de escutar eles. Tipo, na verdade, todos os amigos dela não calavam a boca sobre essa banda. Eles diziam que o Deep Voice era um “gênio”, um “profeta”, mas, na real? Tudo que ele fez foi copiar outras bandas, tipo O Remédio e a Seção Feliz. E ele não era nem um bom letrista, tipo, as letras não rimavam, era só um monte de asneira que não dizia nada. E eles não paravam de tocar! Não é à toa que todo mundo ficou de saco cheio, e graças a Celéstia!

Dainty mal conseguia reagir. Ele achava esquisito como aquele rapaz tinha um sentimento tão intenso de desgosto por uma banda. Parecia um desperdício de emoção.

— Bom — ele disse, um pouco incerto —, tá legal, mas gosto deles mesmo assim.

O pônei deu de ombros, como se tentasse debochar. — Você é que sabe, cara.

Dainty ponderou por um momento, e decidiu que ele sabia mesmo: ele apanhou o disco e levou-o até o balcão.

 

Ele continuou explorando as lojas de disco enquanto trotava pelas calçadas, desviando dos pôneis que, ora passavam correndo em uma pressa ensandecida, ora passeavam lentamente como se ninguém mais estivesse ali. Em cada loja, ele perguntava o caminho até a Let’s Rock!, e percebia que estava chegando perto. Ele não teve mais a sorte de encontrar os discos, no entanto. Ele às vezes tinha vontade de simplesmente perguntar se havia algo da banda em estoque, mas ele temia ser alvo de deboche, ou até hostilidade.

Ele continuou pensando na diatribe que ouvira daquele pônei na loja. Ele não tinha qualquer problema com o fato de outros pôneis gostarem de coisas diferentes e terem opiniões diferentes, isso estava bem para ele. Mesmo assim, era estranho haver tanto ressentimento por uma banda que sequer existia mais. Pelo menos ele tinha uma noção melhor dos motivos que levavam a isso: pelo visto, eles tiveram uma legião de fãs que não falavam em outra coisa. Isso podia cansar, mas será que a banda tinha culpa disso? Parecia injusto. Além disso, eles pareciam com outras bandas? Dainty não sabia como era o som daquelas outras bandas, e ele apenas vira os nomes delas no seu livro. Porém, se fosse esse o caso, qual o problema? Todo mundo tem suas influências, e ninguém começa do zero, certo?

Tais pensamentos zuniam em sua mente como moscas famintas, e ele tentava ficar focado em sua missão. Em um certo ponto, ele parou para comer algo, e, minutos depois, avistou a loja do outro lado da rua. O nome estava escrito em letras grandes e vermelhas, e a loja era grande, mas não gigantesca como a Untouched Records que ele visitara.

Dainty atravessou a avenida e entrou na loja. Para sua surpresa, quase toda a loja era dedicada ao rock. Ele pensou: será que isso devia ser uma surpresa, considerando o nome da loja? Mesmo assim, ele já estava tão acostumado a ver o rock em um espacinho pequeno, como algo de nicho, que aquilo era novidade para ele.

A seleção de discos era bastante rica. Ele não imaginava que havia tanto rock por aí! Ele até achou discos muito recentes, lançados naquele ano e no anterior, portanto alguém ainda gostava muito desse tipo de som, o suficiente para manter o movimento vivo.

A surpresa não foi grande de ver os discos da Tropa da Cidade, embora eles não tivessem toda a coleção. Ele pegou dois discos novos: o primeiro, auto-intitulado, com uma capa branca e uma foto em preto-e-branco da banda; e As Quatro Estações, um de seus discos mais famosos. Pelo que ele havia lido, ele agora tinha toda a coleção. Ele estava em êxtase, e, o melhor de tudo, as compras cabiam perfeitamente nas suas despesas.

Ele pagou pelos discos e guardou-os com cuidado no alforje. Em termos práticos, sua missão estava concluída.

 

Dainty decidiu retornar à pousada e guardar os discos, pois não era seguro ficar perambulando com eles nas ruas. Ele estava curioso para escutá-los, mas ele ainda tinha a tarde inteira, e ele tinha vontade de conhecer melhor a cidade. Ele escutaria os discos à noite, quando não haveria mais nada a fazer.

Embora ele gostasse de passear pelas ruas e ver toda aquela variedade de coisas que elas tinham a mostrar, com belos prédios, publicidade extravagante, e uma mistura de todo tipo de pônei que se possa imaginar, ele pensava que ele não gostaria nem um pouco de viver em um lugar assim. O barulho tornaria impossível sequer pensar em música, e parecia não haver lugar algum onde ele pudesse ficar um pouco sozinho—fora a sua casa, mas isso podia acabar enjoando também. Ponyville era muito mais amistosa nesse sentido.

Ele saiu para jantar quando a noite começou a cair, e voltou ao seu quarto. Ele começou a examinar os discos e colocou-os para tocar, deixando a música preencher seus ouvidos enquanto ele lia os encartes e as letras. Ele começou em ordem cronológica: o primeiro disco era mais seco e direto, com uma espécie de fúria criativa que estalava em cada canção. O segundo disco era melhor, mais sutil e colorido, mas o som ainda era um pouco cru. O terceiro disco, As Quatro Estações, era o mais bem trabalhado, com uma sonoridade cristalina, e canções que fluíam com lirismo e beleza melódica.

Dainty repetiu o ritual da noite anterior, lendo o livro enquanto a música tocava. Desta vez, ele alternava os discos enquanto a noite passava, tentando absorver a música o máximo que dava.

Em um certo momento, ele sentiu o baque de uma repentina sensação de solidão: pelo visto, poucos pôneis importavam-se com aquela banda, o que significava que ele era um dos poucos a escutar aquelas músicas naquele momento. Não é que ele quisesse forçar os outros a gostar das mesmas coisas que ele, mas seria possível que a Tropa da Cidade já tivesse mesmo chegado ao seu fim? Ou será que muitos pôneis não se importavam apenas porque não a conheciam? Em outras palavras, se aquelas canções começassem a tocar de novo, quem sabe elas atrairiam atenção? Ele não conseguiu parar de pensar no fato de que o resto da banda jamais tocou aquelas músicas de novo.

O pensamento dava voltas em sua mente quando ele se deitou para dormir, enquanto o lado B de As Quatro Estações tocava suavemente.

*

Durante o café da manhã, Dainty Tunes ruminava uma ideia ousada.

Tudo nele dizia que seria uma ideia estúpida, mas, afinal, ele sentira que a viagem para Manehattan seria um imenso erro, mas ela acabou sendo um sucesso. Talvez ele não devesse julgar tão mal suas próprias ideias, embora isso fosse mais fácil de falar do que fazer. Era difícil sentir-se confiante quando a voz da insegurança era tão convincente.

Ele saiu para as ruas e percorreu o caminho de volta à loja Let’s Rock!. Ele andava devagar, pois pensava que, a qualquer momento, ele poderia desistir, e bastava dar meia volta e ir fazer outra coisa. Ou, talvez, chegando lá, ele apenas daria mais uma olhada na loja e compraria alguns discos; e isso haveria de bastar, considerando o dinheiro que ainda sobrava.

Ele chegou até a loja, e, com o coração palpitando rápido, entrou. Ele foi até o balcão, onde um unicórnio trabalhava. Ele não era muito jovem, e tinha barba e uma crina castanha-clara bagunçada, que caía ao redor de seu rosto amarelado.

— Oi, com licença? — Dainty disse.

— Sim? — o pônei respondeu, com uma voz grossa.

— Ãh… o Shimmering Chord ainda trabalha aqui? Tem algum jeito de eu falar com ele?

— Você quer deixar uma fita demo? — o unicórnio respondeu. — Você pode deixar ela comigo, que eu passo pra ele.

— Bom, na verdade, eu acho que era uma coisa que eu precisava falar com ele pessoalmente — Dainty disse, percebendo que essas palavras não eram nada convincentes. — Eu queria conversar com ele sobre a Tropa da Cidade.

O unicórnio ergueu uma sobrancelha. — E você é?

— Eu sou um músico de Ponyville, meu nome é Dainty Tunes, e eu… é, dá pra se dizer que eu tô fazendo uma pesquisa a respeito deles. Eu vim de lá até aqui pra saber a respeito deles.

— Sério mesmo?

— É, sim — Dainty disse, quase como se isso fosse motivo para constrangimento.

— Você não é repórter, não é?

Dainty esfregou a nuca. — Não. Não, de jeito nenhum. Na verdade, eu sou pedreiro, sabe, mas só porque eu ainda não consigo pagar as contas com música. Não ainda.

— Sim, eu entendo — o unicórnio disse. Dainty notou que o chifre dele brilhava com alguma mágica. — Eu não sei se eu deveria fazer isso, mas você me passa confiança. — Então, um pedaço de papel flutuou até Dainty. — Esse é o endereço do Shimmering Chord. Ele deve estar em casa agora, então talvez você consiga encontrá-lo.

Dainty apanhou o papel e leu-o com atenção, os olhos arregalados. — Nossa… obrigado mesmo! Sério, eu fico grato. Eu… É melhor eu ir indo, mas obrigado de novo.

— Tranquilo, amigo, e boa sorte.

 

Dainty chamou um táxi na avenida e deu o endereço ao motorista. Ele andou por várias quadras, e notou que estava saindo da parte mais movimentada da cidade para uma área mais residencial. Após algumas curvas, o carro estacionou diante de um prédio marrom.

— Chegamos, senhor — o motorista disse.

Dainty pagou a corrida e agradeceu, e ficou na calçada, diante do prédio. Seu coração corria mais do que quando ele entrou na loja. Havia tanta coisa que podia dar errado agora.

Ele tocou o interfone. Alguns segundos passaram-se, e ele teve o receio de que ele não ouviria resposta.

— Olá? — uma voz feminina respondeu.

— É, oi — ele disse, apressado. — Olá. Eu gostaria de falar com o Shimmering Chord. Ele está aí?

Só então ele percebeu como isso soava tolo.

— E você, quem é?

— Meu nome é Dainty Tunes. Eu sou um músico de Ponyville. Eu queria falar com ele sobre a Tropa da Cidade. Eu… é, estou pesquisando sobre a banda.

Ele ouviu vozes distantes, mas não dava para entender o que elas diziam.

— Você não tem hora marcada com ele, não? — a voz disse.

— Na verdade, não… Eu fui até a loja Let’s Rock!, e eles me deram o endereço.

As vozes conversaram no fundo de novo.

— Foi um unicórnio de barba e crina castanha que te deu o endereço?

— Sim. Foi, sim.

Passou um segundo, e ele ouviu a porta do prédio sendo destrancada.

 

Ele chegou ao terceiro andar e caminhou até a porta do apartamento de Shimmering Chord, com a sensação de que ele não tinha o direito de estar ali. Ele bateu na porta e aguardou. Em questão de segundos, uma pégaso abriu a porta. Ela tinha uma crina preta e curta, e sua pelagem era azul-esverdeada.

— Por favor, entre, Sr. Dainty Tunes — ela disse, dando-lhe espaço.

Ele deu alguns passos e encontrou Shimmering Chord sentado em um dos sofás da sala. Ele olhou para Dainty com seus olhos escuros e focinho angular. O olhar dele era profundo, tal como na capa d’O Descobrimento de Equéstria. Ele ainda tinha a mesma crina curta.

Dainty estaqueou, finalmente percebendo o que estava acontecendo.

— Pode se sentar — Shimmering Chord disse, apontando para o sofá diante dele.

— Ah, obrigado — Dainty disse, enquanto foi até o sofá e sentou-se, os olhos congelados. Ele quase ouvia o pulsar do próprio coração.

— Então, você está pesquisando a minha banda, correto? — Shimmering disse.

— É, eu acho que sim — Dainty disse, coçando o rosto. — Eu… descobri vocês uns dias atrás, lá em Ponyville, mas eu não consegui encontrar quase nada lá, nenhum disco, quase nenhum livro… Então, eu vim aqui, pra saber mais sobre vocês, e a música de vocês.

— E você gostou?

— Muito! — Dainty respondeu, as orelhas empinadas. — Eu escutei todos os discos, e eles são ótimos, tão ricos, tão interessantes, bem escritos e… — Ele suspirou. — Na verdade, eu não consigo acreditar que ninguém mais quer escutar uma música que nem essa. Parece que a maioria dos pôneis lá fora nem sabe que vocês existiram. É uma pena que toda essa música tá passando batido.

Shimmering Chord casualmente deu de ombros. — A gente teve o nosso momento. A nossa música foi importante naquela época, mas o tempo passou. Os pôneis seguiram pra outras coisas. É assim que as coisas vão.

Dainty sacudiu a cabeça. — Eu sei lá, eu não penso assim. Não é só porque as músicas são antigas que elas têm que ser esquecidas. Quer dizer, vocês nunca se juntaram de novo pra tocar elas. Vocês podiam, tipo, encontrar um bom cantor e voltar a fazer shows e trazer essa música de volta pra Equéstria.

— Não tem como — Shimmering Chord respondeu. — Deep Voice é insubstituível.

— Ah, sim, mas eu não tô dizendo pra vocês substituírem ele — Dainty defendeu-se. — Não é bem isso. Vocês só precisavam de um cantor bom o bastante pra cantar as músicas como elas merecem, como tributo ao Deep Voice, talvez. Mas o importante são as músicas! Afinal, você não se importa com elas?

— Claro que sim — Shimmering Chord retrucou. — Elas foram o melhor trabalho que eu já fiz. Eu me orgulho do meu tempo com a Tropa. Tinha lá seus percalços, mas era ótimo sair e tocar, e depois voltar pro estúdio e compor. E trabalhar com o Deep Voice era… bom, ele era único. Eu nunca conheci ninguém como ele. Ele sabia mais de música do que todos os outros pôneis que eu conhecia juntos. Ele devorava discos, sabia os nomes dos membros, cantava todas as músicas… Ele amava teatro, amava poesia, ele amava tudo que era belo. E, sim, ele dava problema às vezes, e nos deu uns belos sustos… E ele era temperamental, imprevisível… Num dia, ele era divertido e boa praça, sempre com alguma coisa interessante pra dizer… e, no outro, ele era grosseiro, debochado, e parecia que ele detestava tudo e todos. Mas, na verdade, ele era sentimental. Tudo mexia com ele, e ele trazia isso pras canções…

— Quer dizer, a gente escrevia quase todas as músicas juntos, muitas vezes no próprio estúdio. Cymbal Crash e eu trazíamos as ideias, trabalhávamos nos ritmos, acordes, linhas de guitarra e teclado, e o Rocky Rumble também fez muita coisa boa quando ele tava com a gente. Todo mundo trazia algo pras canções. Mas, no fim, era Deep Voice quem pegava essas ideias todas e transformava elas em canções de verdade, e o que ele fazia era… Bom, ele não era unicórnio, mas fazia mágica. As melodias, as letras… Eu não sei como ele fazia aquilo, era inacreditável. E eu tenho orgulho de ter feito parte disso.

Dainty Tunes assistia-o em silêncio. Aquele testemunho deixou-o comovido, e ainda mais motivado na missão que levara-o àquela casa.

— Então, é por isso mesmo que a gente devia trazer essa música de volta — Dainty disse, com suavidade.

Shimmering Chord deu de ombros. — Se você quiser, você pode tentar.

— Bom, eu poderia formar a minha própria banda — Dainty respondeu. — Eu posso encontrar músicos em Ponyville e juntar eles, e aprender as músicas e tocar pra todo mundo. Eu acho que dá pra fazer. Você não vai me impedir, né?

— Eu não teria motivo — Shimmering Chord disse —, a menos que você tente ganhar dinheiro com a nossa música. Isso não.

— Não, claro que não — Dainty disse, erguendo os cascos, quase ofendido. — Eu não quero lucrar com isso! Mas, enfim, eu tenho a sua permissão? Você me dá a bênção?

— Acho que você não precisa da minha bênção. Se você acha que consegue, vai lá e faz. Ninguém vai te impedir.

— Nossa, obrigado! Isso é… bom, é importante demais pra mim. Você não faz ideia do quanto eu fico agradecido.

— Não tem de quê, parceiro.

Dainty olhou para a porta. — Bom, eu… eu acho que é a minha deixa pra eu tomar o meu rumo, então — ele disse, levantando-se do sofá. — Eu não vou tomar mais do seu tempo.

— Tudo bem. — Shimmering Chord levantou-se, e acompanhou Dainty até a porta. — Obrigado pela visita.

— Ah, e… antes de ir — Dainty disse, parando logo antes de chegar à porta —, eu queria dizer uma coisa… — Ele tomou fôlego. — Obrigado. Obrigado por ter feito toda essa música, por ter feito tanta coisa bonita e inspiradora. E, quando você falar com eles, manda o meu agradecimento pro Rocky Rumble e o Cymbal Crash… e, também pro Deep Voice, onde quer que ele esteja.

Shimmering Chord acenou com a cabeça, um sorriso oculto no rosto. — Claro, eu faço sim.

— Tá, eu… Até a próxima, então.

 

Dainty parou no meio das escadas. Ele tremia e soluçava, tendo percebido o que acontecera. Embora ele tivesse fracassado na missão de convencer Shimmering Chord a reunir a banda (ou o que sobrou dela), ele tinha acabado de conhecê-lo e falar com ele. Nada mais passava pela cabeça dele.

Ele respirou fundo, ergueu a cabeça e foi até a saída.

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